A lua cheia iluminava a terra virgem, quando algo despontou
onde deveria ser bem o meio.
As gavinhas saíam do chão e se trançavam pelo espaço aberto,
se transformando em uma grande teia.
Uma sombra correu em meio àquele caos, seguida de outra e
mais outra.
Os vultos pequeninos cavoucavam fervorosamente o chão,
enquanto maiores dançavam em sincronia ao seu redor.
Sombras esguias cruzaram a face da Lua e agarraram os cipós
que se esticaram para o alto, voando em todas as direções, fazendo um trançado
rebuscado, em curvas, círculos e molduras.
Àquele estranho jogo ao luar, algo estava sendo construído.
Todos trabalhavam incansavelmente para que, o que quer que fosse, se erguesse
rapidamente.
A construção tomava formas mais nítidas em pouco tempo e uma
torre podia ser reconhecida, em seguida outra e mais duas. Muros altos e
extensos envolviam a floresta ao redor a abraçava o lago na outra ponta.
O castelo estava quase terminado. Erguia-se majestoso aos
primeiros raios de Sol, as plantas retorcidas empapadas com o barro do fundo do
rio se prendiam umas às outras com firmeza. Então todos se afastaram para
admirar o que estava feito e das sombras mais escuras, surgiram seres franzinos
e de cabelo espetado, aproximando-se lentamente. Eram vários deles, o
suficiente para rodear o local, ficando muito próximos uns dos outros.
Elas levantaram as mãos, e foi quando o fogo começou.
Intenso, ele se confundia com o céu do amanhã e coroava o
Sol
Tudo ali, que dera tanto trabalho, agora estava se
destruindo e os demais não faziam nada para impedir.
Era o fim.
Até que, de dentro do lago, bem no meio do fogo, um jato de
água subiu até o céu, fazendo chover sobre as chamas.
Todos olhavam aquela cena. Logo as cinzas seriam carregadas
pelo vento e nada restaria, a não ser terra revirada.
Mas não foi isso o que aconteceu.
Quando os seres alados fizeram ventar, a fuligem se foi, e o
que sobrou foi uma grande e forte estrutura feita de pedras pesadas. As torres
possuíam vitrais coloridos e molduras de ferro fundido. Todas as portas eram feitas
de grossas folhas de madeira maciça, e seus adornos pareciam ter sido esculpidos
à mão, e lá dentro, onde parecia ser exatamente o meio do lugar, havia a figura
de uma grande Rosa-dos-Ventos, desenhada no chão de mármore, que parecia com um
grande espelho, de tanto que brilhava. Tudo estava impecável.
À distância, quatro homens assistiam, cada um ao lado
de uma bela jovem e a visão lhes agradava. Por eles, uma ordem foi dada e,
depois de uma pequena reunião, todos entraram no castelo.